sexta-feira, 1 de agosto de 2014

XX - REQUINTE




E nada há mais além desse requinte
Que indique claramente o que fazer
Querer outro não há, por conseguinte
Senão um mar em ondas de prazer

Não é um faz de conta e nem o acinte
Que negue à tentação o acontecer
E a noite de paixão é o seguinte
Resume o frenesi no entorpecer

Menina, és a ventura em que desfila
A reluzir um mimo benfazejo
Que vejo na luxúria da pupila

Corporal é o titânico desejo
Que em teu beijo reflete-se, destila
A quente majestade do cortejo


(Miguel Eduardo Gonçalves)

ana kras photographer photography serbia



terça-feira, 15 de julho de 2014

XIX - ANJO PERDIDO

pintura de Anna Razumovskaya


ANJO PERDIDO


Concordei com a descoberta
Que pasmou a intimidade
A atmosfera é teu perfume
Que me deixa dessa forma



E como fosse desperta
Requintadas de verdade
Eram tuas luzes meu lume
Extasiadas por norma

Fascínio sentido à tez 
No toque retribuído
Foi ver-me louco de vez

‘ Champanhe’ em corpo fruído
Soberba em farta higidez
Tu és meu anjo perdido

(Miguel Eduardo Gonçalves)


sábado, 12 de julho de 2014

XVIII - APAIXONADAMENTE


Apaixonadamente

Do sexo a liberdade é temporada
Indissociavelmente da libido
E quanto mais a posse é então velada
O espasmo nos repassa ensandecido.

Triunfo dá-se em fome alimentada
 
Da natureza é lei e não conflito
Efêmero arrepio nos arrecada
Na pele é indisfarçável veredito...
 

E essa linguagem física é a cena
Que impaciente insiste c'os sentidos
Alargando-se à gente numa arena!
 

Que fins mais refinados acendidos
São esses que dominam à mão-pequena
Os dias que se vendem por gemidos?

Miguel Eduardo Gonçalves

terça-feira, 8 de julho de 2014

XVII - Convocação

foto a.matias


Convocação


Prazer em ondas que se cobra
Do orgasmo toda a saciedade,
Mostrando ao dia o amanhecer,



Que em novo rumo se desdobra
Sem sela e a pelo a intimidade
Nas águas desse acontecer.

Sentidos vindos por trejeitos
Exercidos à brasa lenta,
Brindando a noite doravante
És tu esse cenário incrível...

Do espasmo a gotejar conceitos
Por convites que a noite inventa 
Presente de um sussurro em diante
Trazido à noite coercível!

(Miguel Eduardo Gonçalves)

domingo, 6 de julho de 2014

XVI - ELIXIR


ELIXIR

Em noite que incandesce e apura o fato
Sob o vestido algo que algo que o adorna
E o faz sair de vez do anonimato
Pois frenesi do ânimo se torna

Maravilhado templo achado exato
Troféu não se demora e me suborna
Capricho que se afina em prol do ato
Em que a cintura vai depois retorna!

Por quão sutis instintos tu te achas
Aurora de uma saga de afazeres
Que ativa o sangue nosso, altera as marchas... 

Só permitindo assim que dos prazeres
Se criem novos dias que despachas
Reavivando a lua em teus arderes!


(Miguel Eduardo Gonçalves)










sexta-feira, 4 de julho de 2014

XV - INSINUANTE...



INSINUANTE...

Para o capricho pleno fecundar
Como clareia a lua a noite escura
Vai  no erotismo puro se afundar
Pois dessa lida afoita não descura

Debanda a timidez pela aventura
Que à viva gula vinda num olhar
Fogosa de trair a compostura
É aroma que esvoaça de molhar

Tanto agradece aos bis que até se ri
Guloseima que em lábios faz morada
Bailando insinuante em frenesi

Sutil essa vontade alucinada
Que une o corpo à língua, e nem aí
É pira que se faz desatinada

Miguel Eduardo Gonçalves


XIV - SEDUÇÃO

Foto de Denis Piel

Sedução

Na franca intimidade dê-se o toque
E o viço indisfarçável de um sacrário
Alastre-se combate involuntário

Qual pele se arrepia pelo choque
Por onde a sensação seja o sentido
Pensado inteiramente desvestido

Que é único o desejo e imprescindível
E maga sedução a sinergia
Que faz com que esse olhar se torne audível
Razão de um pensamento em sintonia

É sobre-humana força inconfundível
 Que faz daqueles corpos sinfonia
E os torna uma só nota iniludível
Do instante que o prazer mais contagia


(Miguel Eduardo Gonçalves)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

XIII - Preliminares



foto de yvan galvez


PRELIMINARES

No desejo de querer sublimar essa paixão
De um encanto me servi para impor-te o preferível
Como fosse o meu prazer escudado na razão
Que te desse as coisas vãs como as quer o iludível

Nessa casca de verniz teu pudor vai sucumbir
E por tanto quanto hás de adorar esse meu dote
Num incêndio em gozos mil queimarás até rugir
Pela chama que jamais tu verás que em mim se esgote

Pois teus olhos que um orvalho de amor há de banhar
É também paixão maior resolvida por um bis
Do romântico erotismo entreaberto à tentação

E então viva inspiração construída de um luar
Infinito e sedutor, sutilmente então me quis
No rigor da realidade a criar a conexão

(Miguel Eduardo Gonçalves)

domingo, 8 de junho de 2014

XII - Fusão de sentidos


Foto de Denis Piel

Fusão de Sentidos

Rolava pela cama audaz e improvisada
Diante de um desejo indômito e tirano
Alguma gula agindo em força alucinante
No beijo da volúpia em claro desempenho

Compasso que se vira e ondula na ‘tocada’
Perdida em rodopio do qual me louvo e ufano
Perna enroscada enseja o rito e se garante
Matéria humana e mente, acordes que desenho 

Fadiga que a faz linda às luzes da indecência
E afoga o esconderijo em seiva indisfarçável 
Com louco e involuntário acordo da exigência 

Tu só és toda pele, esse lugar provável
Por si, do puro estilo, a fome e a saliência
Te vejo no apogeu excelso e inapelável

(Miguel Eduardo Gonçalves)

XI - Aurora...


Foto de David Shelby

Aurora...

Desejo alucinar nesse carinho
Crescendo sob o olhar da inquietação
Furor que vai brotando da paixão
Tentando a sensação devagarinho

Sentido requintado de montão
Que a vida agora exulta e ao qual me alinho
Dizendo do alto astral em murmurinho
C’a força dos momentos como são

Poder especial, franco expoente
Retrata fielmente a forma bela
Da minha sentinela conivente

Perdida tal beleza no que apela
Do olhar de céu que olha puro e crente
Renasço verso vivo como ela

(Miguel Eduardo Gonçalves)



X - Recado em Versos


Foto de Donna Trope

Recado em versos

Por um simples olhar encena belo intento
Testemunhando aos céus paixão que mais inflama
Certeiro ritual louvando o meu programa
E além, certo querer do qual jamais me isento

E o acorde vive ali de encanto e assanhamento
Desejo que fatal se faz, e como aclama
Entoa tentador tornando o mundo em chama
Aquele ardor maior distante do argumento

Quando fico de vez juiz que me consente             
Pela verdade só, perdido livremente
Num corpo que é poção do instante enamorado

É nesse acontecer que surge reluzente
Mania que à mulher lindeza faz agrado
No verso que aqui vem deixar o seu recado

Miguel Eduardo Gonçalves

sábado, 7 de junho de 2014

IX - Recreio da Saciedade


Foto de Daniel Herrera


Recreio da Saciedade


Concede-me outra vez aquele olhar sem fim
Em que perdido fico ainda em louco ardor
Que sabe a noite enfim, fazer-se lenta em mim 
Leitura aberta ao ser calor por fora ator

Por dentro espreita além, me deixa como vim
Ao mundo respirar, quão nua vens no amor
Ao toque num desdém, ardente à pele assim
Praiano galopar em tez de um sol reitor

Desejo aplaude em pé e inunda a excitação
Regressa do ideal, havido simplesmente
Do primoroso dia aberto a essa intenção

Um só a dois que a urgência anima e faz fremente 
Necessidade audaz vinda em transpiração
Que à gestual frequência insurge entorpecente

(Miguel Eduardo Gonçalves)

sexta-feira, 6 de junho de 2014

VIII - Fetiche


Foto de Ellen Von Unwerth


Fetiche

Florescia da musa estonteante
Forte encanto por que se aparecia
Apelante desejo em sintonia
Com o seu frenesi alucinante

Do verão a umidade reticente
Sendo nela miragem sem igual
Convincente manchete, que atual
De maduro esse fruto me consente

Inda mais que dos bicos um segredo
Latejante aos olhares sucessivos
Adivinha em meus atos convulsivos

Ornamenta-se em gestos, um brinquedo
Faz-se amante, constrói-se nesse enredo
Explosão mansamente dos sentidos

(Miguel Eduardo Gonçalves)


VII - Tu...


Foto de David Bellemere


Tu...

Na grata sedução da luz que despe
E ao corpo sensação desperta vida
Certa maneira linda a mente veste

Por si esse momento é sem saída
Resume-se a um fato inconteste
Que faz a humana seiva assim parida

É gula arrebatando mil sabores
Da contenda à lide incendiada
Que a fúria do prazer por tais odores
Atira-se à loucura, não apaga

No despertado rito dos amores
Saber de pele que o desejo afaga
Segredo é desvendado enquanto fores
Eterno paraíso, a madrugada


(Miguel Eduardo Gonçalves)

VI - Por ti...


Foto de Denis Olivier


Por ti...

Por ti este cenário incrível
Premente derreter picante
Em que se exerce à brasa lenta
Sentido partilhado em jeitos

Libido habitual sensível
Presente do sussurro em diante
Que faz numa só voz e inventa
O espasmo a gotejar conceitos

E nesse haver que abarca o ser
Sem sela, em pelo a intimidade
Pueril no jogo se desdobra

Deseja até o amanhecer
Do orgasmo em toda saciedade
Prazer em ondas que se cobra

(Miguel Eduardo Gonçalves)

V - Loucaaaa!!!


Foto de Christian Coigny


Loucaaaaa!!!

Por entre o vaporoso teu perfume
Sensível flor que aponta a minha rota
E aos olhos vai trazendo de costume
A febre do desejo gota a gota

E em tons as cores traçam teu volume
Fantasiado em face desta grota
Que o frêmito contrai e lhe dá lume
Bem-vinda sinfonia tão marota

É a forma como fazes dentro em mim
Tal néctar de um penhasco se derrama
Deixando-me a galgar como em festim

Quisesse na magia dessa cama
Poder te alucinar pelo estopim
Que deixa esta amazona como a inflama

(Miguel Eduardo Gonçalves)



quinta-feira, 5 de junho de 2014

IV - Serpenteante

Foto de António Botto


Serpenteante
Naqueles olhos acordados como festa
O meu sentir pelo que vejo desjejua
Como se à luz de um novo esboço a visse nua
Desenharia ela insuspeita e ao que se presta

Na dança em que uma perna aponta para a lua
Palpita a marca umedecida que me arresta
E entre os cabelos dessa boca na floresta
Luzindo mostra-se rubor que se acentua

Segue o delírio debruçado na visão
Treme o pincel que em tinta expele um ser ardente
Daquelas coxas separadas de paixão

Eis que onde corre o pensamento mais carente
Nestas palavras que inexplicam a razão
Mora a pintura de um poeta de repente

(Miguel Eduardo Gonçalves)

III - Arrancando vertigens


Foto de Alexander Shahabalov


Arrancando vertigens
Pupilas que me dão a imaginar
Tão grandes que cintilam ao luar
Teus olhos resplandecem iguarias
Parecem o meus sois das noites frias

Lençol pegando fogo de alagar
Por tal calor se expande pelo ar
Distante em céus imensos de euforias
Triunfos sussurrantes que vivias

Em ser a que abraçasse devagar
Um tal que te fizesse suspirar
E separar as pernas na folia

E desse haver tão grande o desejar
Quisesse a meu juízo ser um mar
De falta de pudor que te encheria

(Miguel Eduardo Gonçalves)





II - Frenesi


Foto de Jan Welters


Frenesi

No carinho das noites estreladas
Mítico para ser todo delírio
Na seara de vozes encantadas
Timbra singelo tom como colírio

A noite está de mãos deliciadas
Tão cúmplice de nós, em prata lírio
A perpetrar nas áreas mais sagradas
Onde o prazer invade quente e frio

Cálice borbulhante de cristais
A retinir os ais inquietamente
Por suspiros letárgicos, -demais-

No frenesi dos corpos mais demente
Radiante gosto, campos siderais
Numa boca enroscada em cada ventre

Miguel Eduardo Gonçalves

I - Prazer por Prazer


Foto de André Simões


Prazer por Prazer

Nas paixões a razão se destempera
E a constância apalpada do momento
Por gemidos que ferve a ilustre fera
Rasga o véu que segura meu intento

Sassarica a insistência que acelera
Delicada a virilha e o assanhamento
Que se empinam em férvida atmosfera
A se impor no furor em que me invento

Tu, fortuna lasciva, és fértil saga
Rubra veste deitada em belo vício
Do apogeu que a tilinta e não se apaga

E à porta de um desejo vitalício
Exercita-se a amante que me flagra
Respaldado em sorriso tão factício

(Miguel Eduardo Gonçalves)